Com tapumes e cercas de ferro ao longo de toda a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, o Palácio do Planalto conseguiu isolar a presidente Dilma Rousseff e as autoridades que a acompanharam no desfile do Dia da Independência, evitando constrangimentos com vaias e protestos.

Com protestos abafados, quem roubou a cena para a surpresa do público e de policiais foram as estudantes Bruna Themis e Sara Winter, que conseguiram furar o cerco imposto pela segurança e, de topless, invadiram brevemente o desfile. Integrantes do grupo feminista Femen, elas foram retiradas instantaneamente do local e levadas a prestar depoimento na Delegacia de Repressão a Pequenas Infrações.

Esvaziada, a tradicional Marcha contra a Corrupção não conseguiu se aproximar de ministros e parlamentares e começou seu protesto apenas após a retirada de Dilma do desfile.

Sem mobilização, protestos silenciosos deram o tom das manifestações contra a má qualidade dos serviços públicos, os salários defasados de servidores públicos e – como não poderia deixar de ser – faixas lembraram o julgamento do mensalão.

Também sem alarde, mulheres de militares conseguiram estender, nas mesmas grades de ferro que afastaram os manifestantes, uma faixa preta em protestos por melhores salários aos maridos. O presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal, Jones Leal, também protestou por reajuste à categoria, uma das poucas que não aceitou o acordo proposto pelo governo. Em suas mãos, uma camiseta com os dizeres “SOS para a PF”.

Ao final do desfile, enquanto o público descia das arquibancadas reservadas a 20 mil espectadores, um trio elétrico com uma longa faixa de “corrupção não” tentava, no contra fluxo, angariar simpatizantes à causa de combate ao pagamento de propina e à malversação de recursos. Àquela altura, nem Dilma nem os poucos mais de dez ministros que acompanharam o desfile cívico estavam presentes para ouvir as palavras de protesto.